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Por que o preço do leite está caindo?
O produtor de leite brasileiro está, mais uma vez, sentindo o peso da queda no preço pago pelo litro.
A sensação é de injustiça, os custos continuam altos, o trabalho é o mesmo, e a conta parece não fechar. Mas, para entender o que está acontecendo, é preciso olhar além da porteira, porque o leite é muito mais influenciado pelo mercado do que parece.
Mesmo que o produtor não compre nem venda em dólar, tudo o que depende de insumos importados é afetado por ele. O câmbio tem um impacto direto no custo de produção. Quando o dólar sobe, adubos, fertilizantes e equipamentos ficam mais caros, e os preços são repassados ao produtor. Por outro lado, quando o dólar cai, importar leite de países vizinhos, como Uruguai e Argentina, se torna mais barato, aumentando a oferta no mercado interno e pressionando o preço pago ao produtor.
Essa lógica se soma a um outro fator, a oferta e a demanda.
O consumo de leite e derivados no Brasil tem oscilado diante da economia instável e da perda de poder de compra das famílias. Quando o consumo cai e o mercado interno desacelera, o preço do leite tende a cair junto. Além disso, em algumas regiões o clima favoreceu uma boa safra de volumoso, o que elevou a produção e ampliou a oferta, acentuando a desvalorização.
O produtor também sente o reflexo dos grãos. Com o dólar alto, a exportação de milho e soja se torna mais vantajosa, reduzindo a oferta interna e encarecendo a ração.
É o efeito cascata, o custo de produção sobe, o preço de venda cai, e o produtor fica no meio da pressão.
Embora pareça um cenário fora de controle, há caminhos para enfrentar melhor esse momento. O produtor que planeja as compras de insumos com antecedência, aproveita oportunidades de preço e reduz a dependência de produtos importados tem mais margem para resistir.
A eficiência técnica é outro ponto essencial: melhorar o manejo, a nutrição e a qualidade do leite ajuda a manter competitividade mesmo quando o mercado aperta.
Em períodos de oscilação, o melhor investimento é na gestão. Entender o mercado, acompanhar o câmbio e agir estrategicamente é o que diferencia quem sofre com o preço de quem consegue atravessar o ciclo com segurança.
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